Trabalho decente, discriminação no trabalho e responsabilidade social são temas de curso para administradores de empresas
Cerca de 35 administradores de empresas filiados ao Conselho Federal de Administração (CFA) participaram de uma capacitação sobre direitos humanos e trabalho decente em Brasília, realizada em parceria com a OIT, no começo de novembro.
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O “Curso de Capacitação e Formação de Multiplicadores para a Promoção do Trabalho Decente e Responsabilidade Social” teve como objetivo capacitar profissionais de administração em temas como saúde, HIV/AIDS, racismo, empresas sustentáveis, discriminação por gênero, orientação sexual e identidade de gênero, entre outros. Além disso, o curso buscou desenvolver as habilidades dos participantes para utilizar no mundo do trabalho os instrumentos, mecanismos e normas internacionais das Nações Unidas e da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O curso foi promovido pelo CFA em parceria com a OIT, o Escritório Regional para América do Sul do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH), o Escritório do Coordenador Residente da ONU no Brasil, o Conselho Regional de Administração (CRA) do Rio de Janeiro e o CRA do Rio Grande do Sul. A abertura contou com a presença do presidente do CFA, Sebastião Luiz de Mello; da diretora do Escritório da OIT no Brasil, Laís Abramo; do diretor de relações internacionais e eventos do CFA, Carlos Henrique Mendes da Rocha; da presidente do CRA-RS, Claudia Stadtlober; e do conselheiro regional do CRA-RJ, Francisco Carlos Santos de Jesus.
Em seu discurso, Sebastião Mello destacou a parceria entre a OIT e o CFA, lembrando que este é signatário do Pacto Global e já trata do tema Trabalho Decente desde 2011. “Queremos propor soluções para que o administrador tenha uma nova visão sobre o mundo do trabalho. Esperamos sair daqui com novas ideias e propostas para ajudarmos a construir um mundo onde as relações de trabalho serão mais humanizadas e as práticas laborais serão vistas por uma nova perspectiva”, disse o presidente do CFA.
Já Laís Abramo destacou a parceria entre a OIT e o CFA e assinalou a grande importância desse Conselho Profissional no mundo do trabalho, tanto devido à sua fortaleza institucional e capilaridade no território nacional, quanto pelo fato de que os administradores e administradoras são profissionais centrais na organização das empresas, na organização do trabalho, na administração dos recursos humanos.
Em sua apresentação realizada logo após a abertura, a Diretora da OIT no Brasil desenvolveu o conceito de Trabalho Decente, que sintetiza a missão histórica da Organização de promover oportunidades para que homens e mulheres possam conseguir um trabalho produtivo e de qualidade em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana. Segundo ela, este é um conceito multidimensional, que engloba dimensões quantitativas e qualitativas do emprego e se aplica a todos os trabalhadores e trabalhadoras, representando um ponto de convergência dos quatro objetivos estratégicos da OIT: a geração de mais e melhores empregos, a promoção dos direitos no trabalho, a extensão da proteção social e o fortalecimento do diálogo social.
“Porém, mais do que apenas um conceito, o Trabalho Decente é um paradigma que aponta para uma estratégia de ação. Isto se concretiza através de Agendas de Trabalho Decente, que são roteiros que indicam o caminho que precisamos percorrer para chegar onde queremos”, afirmou Abramo. “Estas Agendas estabelecem estratégias de ação multisetorial para promover o trabalho decente e reduzir seus déficits, definindo metas e prioridades de acordo com o contexto apropriado ( global, regional, nacional, estadual, municipal, setorial, etc), articuladas através do diálogo social entre atores tripartites (governos e organizações de empregadores e trabalhadores), outras instâncias do Estado e organizações da sociedade civil”.
O curso de cinco dias foi realizado em Brasília, na sede da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e incluiu um dia de atividades na sede da ONU, onde o tema tratado foi a discriminação no local de trabalho relacionada a gênero, orientação sexual e identidade de gênero. A oficial de projetos responsável pela área de gênero e raça da OIT no Brasil, Camila Almeida, foi uma das palestrantes do dia: “quanto maior a discriminação, maior a probabilidade de violências como trabalho escravo ou forçado”. De acordo com ela, se a mulher sofre discriminação, sofreria ainda mais se fosse negra.
* Com informações da assessoria de imprensa do CFA