Diferenças de gênero no emprego são maiores do que se pensava, segundo relatório da OIT

Um novo indicador desenvolvido pela Organização Internacional do Trabalho constata que o acesso das mulheres ao emprego, as condições de trabalho e a disparidade salarial entre homens e mulheres pouco melhoraram nas últimas duas décadas.

Notícias | 6 de Março de 2023

©OIT

GENEBRA (Notícias da OIT) – As desigualdades de gênero no acesso ao emprego e nas condições de trabalho são maiores do que se pensava anteriormente e o progresso para reduzi-las tem sido extremamente lento nas últimas duas décadas, de acordo com um novo informe da OIT.

Um novo indicador desenvolvido pela OIT, o Jobs Gap, capta todas as pessoas sem trabalho que estão interessadas em encontrar um emprego. Ele traça um quadro muito mais preocupante da situação das mulheres no mundo do trabalho do que a taxa de desemprego, mais comumente usada. Os novos dados mostram que as mulheres ainda enfrentam muito mais dificuldades em encontrar um emprego do que os homens.

De acordo com o informe, New data shine light on gender gaps in the labour market, 15% das mulheres em idade ativa em todo o mundo gostariam de trabalhar, mas não têm emprego, em comparação com 10,5% dos homens. Essa diferença de gênero permaneceu quase inalterada por duas décadas (2005-2022). Em contraste, as taxas globais de desemprego para mulheres e homens são muito semelhantes, porque os critérios usados para definir o desemprego tendem a excluir desproporcionalmente as mulheres.

A lacuna de empregos é particularmente grave nos países em desenvolvimento, onde a proporção de mulheres que não conseguem encontrar um emprego chega a 24,9% nos países de renda baixa. A taxa correspondente para os homens na mesma categoria é de 16,6%, um nível preocupantemente alto, mas significativamente inferior ao das mulheres.

O informe aponta que as responsabilidades pessoais e familiares, incluindo o trabalho de cuidado não remunerado, afetam desproporcionalmente as mulheres. Essas atividades podem impedi-las não apenas de estarem empregadas, mas também de procurar um emprego ativamente ou de estarem disponíveis para trabalhar mediante curto aviso prévio. É necessário atender a esses critérios para ser considerada desempregada, por isso muitas mulheres que precisam de um emprego não são refletidas nos números do desemprego.

Os desequilíbrios de gênero no que tange o trabalho decente não se limitam ao acesso ao emprego. Embora o emprego em condições de vulnerabilidade seja generalizado para homens e mulheres, as mulheres tendem a estar sobrerrepresentadas em certos tipos de empregos vulneráveis. Por exemplo, é mais provável que as mulheres ajudem nas tarefas domésticas ou nos negócios de família, em vez de trabalharem por conta própria.

Essa vulnerabilidade, juntamente com taxas de emprego mais baixas, afeta a renda das mulheres. Globalmente, para cada dólar de renda do trabalho que os homens ganham, as mulheres ganham apenas 51 centavos.

Existem diferenças significativas entre as regiões, conclui o relatório. Em países de renda baixa e renda média-baixa, a disparidade de gênero na renda do trabalho é muito pior: as mulheres ganham 33 centavos e 29 centavos de dólar, respectivamente. Em países de renda alta e renda média-alta, a renda relativa do trabalho das mulheres chega a 58 e 56 centavos, respectivamente, por dólar ganho pelos homens. Essa notável disparidade de renda é impulsionada tanto pelo nível de emprego mais baixo das mulheres, quanto por sua renda mais baixa quando estão empregadas.

As novas estimativas destacam a magnitude das disparidades de gênero nos mercados de trabalho, ressaltando a importância de melhorar a participação geral das mulheres no emprego, expandir seu acesso ao emprego em todas as ocupações e abordar as lacunas evidentes na qualidade do trabalho enfrentada pelas mulheres.