OIT: aumento da produtividade do trabalho é imperativo para uma América Latina que busca mais e melhores emprego

Novo relatório diz que as lacunas de produtividade dificultam a capacidade de lidar com várias crises. Representantes de governos, empregadores e trabalhadores participaram nesta quarta-feira de uma conversa convocada pela OIT para discutir os desafios e as oportunidades para a região.

Notícias | 22 de Junho de 2022
Lima - A OIT destacou hoje a necessidade de formular estratégias efetivas para aumentar a produtividade do trabalho na América Latina, diante da evidência de um persistente atraso regional que compromete as possibilidades de encontrar o rumo de um futuro do trabalho com crescimento sustentável e mais e melhores empregos.

"Enfrentamos o imperativo de aumentar a produtividade na região", afirmou a OIT no novo relatório intitulado "Transição digital, mudança tecnológica e políticas de desenvolvimento produtivo na ALC: desafios e oportunidades” (“Transición digital, cambio tecnológico y políticas de desarrollo productivo en ALC: desafíos y oportunidades”), que foi apresentado nesta quarta-feira durante uma conversa virtual com representantes de governos, de organizações de empregadores e trabalhadores.

A diretora Regional a.i. da OIT para a América Latina e o Caribe, Claudia Coenjaerts, iniciou a conversa destacando que a região enfrenta "desafios estruturais" de grandes dimensões, pois "existem grandes lacunas de produtividade dentro dos países entre setores produtivos, empresas, grupos de trabalhadores", além de outras externas que "foram ampliadas em relação aos países mais avançados no marco da aceleração da transição digital e da mudança tecnológica".

Coenjaerts considerou que é necessário "um debate renovado e aprofundado na região que aborde os principais fatores que impulsionam o aumento da produtividade, a transição digital e as repercussões desses processos sobre o trabalho decente, a criação de empregos, as melhorias distributivas e o desenvolvimento de empresas sustentáveis e promotoras da mudança tecnológica”.

O relatório da OIT foi objeto de um intercâmbio que contou com a participação do ministro do Trabalho e Previdência do Brasil, José Carlos Oliveira, dos vice-ministros do Trabalho do Equador e do Chile, Jorge Benavides Ordoñez e Giorgio Boccardo Bosoni, respectivamente, de Kaira Reece, da Confederação Sindical de Trabalhadores(as) das Américas (CSA), e de Imelda Restrepo, da Organização Internacional de Empregadores (IOE).

A conversa, organizada como um evento paralelo à 4ª Reunião Ministerial da OCDE sobre Produtividade, que está sendo realizada no Brasil, também contou com a participação de José Antonio Ardavín, chefe da Divisão América Latina da OCDE.

O novo relatório da OIT destaca a "necessidade urgente de compreender de forma sistêmica os fatores que contribuem para o aumento sustentado da produtividade e, com base nisso, incentivar as instâncias de diálogo social necessárias para acompanhar e regular as inevitáveis transições que esse processo implica".

O estudo acrescenta que "neste contexto, é imperativo pensar sobre quais fatores estão por trás do atraso latino-americano".

O relatório destaca que, de acordo com a evidência acumulada, “a grande maioria dos países da América Latina e do Caribe (ALC), mesmo antes da crise sanitária e econômica derivada da pandemia da COVID-19, apresentou uma estagnação tanto da produtividade do trabalho quanto da produtividade total de fatores”.

“A produtividade do trabalho tem diminuído persistentemente em termos comparativos com o resto do mundo durante as últimas quatro décadas”, disse o consultor da OIT e autor do relatório, Claudio Maggi, na apresentação para a audiência tripartite.

Maggi destacou a importância de identificar e de promover uma série de "dinâmicas virtuosas entre produtividade, crescimento e trabalho".

A conversação tripartite abordou aspectos como os desafios impostos pela transição digital e pelo surgimento de novas tecnologias, assim como os desafios em matéria de formação, a complexa situação atual caracterizada pela alta incerteza internacional e por uma pandemia que ainda não terminou, e a alta informalidade na região.

Da mesma forma, surgiram desafios em termos de políticas públicas, e também na funcionamento das empresas.

Coenjaerts lembrou que a experiência da OIT “mostra que, além de fatores externos (estabilidade macroeconômica, ambiente de negócios favorável, estrutura setorial, mercados externos), a melhoria da cooperação no local de trabalho, a representação efetiva dos trabalhadores, a gestão da qualidade, a não produção poluente, a gestão de recursos humanos, a formação profissional e saúde e segurança no trabalho contribuem positivamente para o aumento da produtividade”.

Ao mesmo tempo, “a agenda da região em matéria de transformação digital e produtividade necessita de políticas públicas que ajudem a remover os obstáculos que se apresentam no caminho dessa transformação e que assegurem que essa transição promova a criação de mais e melhores empregos”.