Dia Internacional da Juventude

Crise do emprego juvenil: desarmando a bomba-relógio ativada pela pandemia

No início de 2021, na América Latina e no Caribe, a taxa de desemprego juvenil atingiu 23,8% e cerca de 3 milhões de jovens deixaram uma força de trabalho na qual predomina a informalidade. Existe o risco de uma "geração de confinamento" alerta a OIT no #DiaDaJuventude

Notícias | 12 de Agosto de 2021
Lima - Os países da América Latina e do Caribe enfrentam o desafio urgente de tomar medidas para desarmar a “bomba-relógio” representada pelo legado de alto desemprego, informalidade e falta de oportunidades para os e as jovens que a crise da COVID-19 está criando, disse o diretor da OIT para a América Latina e o Caribe, Vinícius Pinheiro, em uma mensagem para o Dia Internacional da Juventude.

“A população jovem está entre as que mais sofrem com as consequências sociais e econômicas da pandemia na região e enfrentará os efeitos dela nos próximos anos de vida profissional, correndo o risco de se tornar uma geração de confinamento ”, destaca Pinheiro em texto publicado neste dia 12 de agosto no site OIT Américas.

“Será necessário contar com estratégias voltadas especificamente para a melhoria do emprego jovem, se quisermos desativar o profundo impacto da pandemia”, acrescenta o diretor da OIT. "Caso contrário, as sequelas vão durar muito tempo”.

A mensagem destaca que, segundo os dados mais recentes recopilados pela OIT, a taxa média de desemprego de jovens entre 15 e 24 anos teria atingido 23,8% no primeiro trimestre de 2021, o nível mais alto registado desde que esta média começou a ser elaborada em 2006. Representa um aumento de mais de 3 pontos percentuais em relação ao nível de antes da pandemia.

Ao mesmo tempo, a taxa de participação dos e das jovens no mercado de trabalho sofreu uma contração, caindo cerca de 3 pontos percentuais, registando um nível de 45,6% no primeiro trimestre de 2021, o que significa que no início do ano entre 2 e 3 milhões de jovens estavam fora do mercado de trabalho por falta de oportunidades de emprego.

“Esta geração viveu os impactos da COVID-19 por meio de uma multiplicidade de canais, como a interrupção de seus programas educacionais ou de formação e o vínculo com o mercado de trabalho (estágios e aprendizagens), perda de emprego e de renda e a perspectiva de enfrentar maiores dificuldades para encontrar uma ocupação no futuro ”, diz Pinheiro.

O artigo afirma ainda que “embora a demanda por emprego comece a apresentar um comportamento mais favorável devido a um maior dinamismo econômico, as oportunidades de emprego para os jovens continuarão muito restritas”. Ao mesmo tempo, “a já elevada incidência de informalidade entre esses trabalhadores, que afetava seis em cada 10 jovens antes da pandemia, corre o risco de aumentar ainda mais”.

A falta de oportunidades de emprego para jovens pode afetar a trajetória de trabalho das pessoas e limitar suas chances de ter acesso a um trabalho decente no futuro, destaca a análise.

Mas também "são fonte de desânimo e frustração, que podem levar a situações de conflito e até mesmo afetar a governabilidade em vários níveis".

“Os protestos que surgiram em vários países da região antes da pandemia foram liderados por jovens. Depois de uma crise violenta que deixou muitas pessoas sem esperança, já vimos como em alguns países esses jovens voltam a se manifestar para exigir um futuro. ”, disse Pinheiro.
No artigo, ele destaca que para enfrentar o desafio do emprego juvenil é necessário recorrer a um conjunto de políticas especialmente formuladas para enfrentar um problema estrutural e complexo.

As medidas deverão ter como objetivo aumentar a oferta de empregos, estimular a contratação de jovens, apoiar empresas e empreendedores, e ainda promover a educação e a formação de forma a responder às novas exigências do mercado de trabalho, incluindo as da revolução digital.

“Há um aspecto fundamental a ser levado em conta na concepção de estratégias para promover o emprego juvenil após esta pandemia terrível: não podemos prescindir da contribuição dos jovens”, destaca Pinheiro.